Sistema GPS e Cartografia trabalham juntos para que a altitude possa ser calculada com maior precisão
De forma direta não, mas indiretamente sim.
Funciona assim: a superfície da Terra ? é definida pela altitude média dos níveis dos mares, chamada Geoide, que não possui uma fórmula matemática que o defina com precisão. A cartografia, por aproximação, considera a Terra como um elipsoide, que possui definição matemática precisa. Essas duas figuras, Geóide e Elipsoide, não se sobrepõem com exatidão. A diferença altimétrica entre ambas é chamada de “Ondulação Geoidal”. Conforme se observa na figura.
O sistema GPS trabalha a Terra como um elipsoide, calculando portando a Altitude Elipsoidal (h). A cartografia mede, para cada ponto da superfície da Terra, a distância vertical entre o Elipsóide e o Geóide, chamada de Ondulação Geoidal (N). A partir da Altitude Elipsoidal, obtida pelo sistema GPS e da Ondulação Geoidal calculada pela cartografia, chega-se na Altitude Geoidal(H), referenciada ao nível do mar ?.
Extensão de prazos e substituição de vistoria estão entre as mudanças
No dia de hoje 24 de abril de 2020, o Instituto Água e Terra, administrado pelo governo do Paraná, publicou a Nota Informativa 06/2020 e a Orientação Técnica 001, ambas referentes a alterações no funcionamento da instituição devido a medidas de prevenção à COVID-19.
? De acordo com a Nota Informativa está suspenso por 60 dias os prazos administrativos de procedimentos que estão em andamento na instituição. Na prática, isso significa que as pessoas que estão aguardando respostas referentes a licenciamentos, renovação de licenças, outorgas, apresentação de relatórios de automonitoramento, atendimento a condicionantes de licenças ambientais, defesas e recursos administrativos decorrentes de Autos de Infração Ambiental, acesso aos autos dos processos físicos terão que esperar até meados de junho para retomar o andamento do processo.
? A Orientação Técnica autoriza a substituição da vistoria realizada pelo analista do Instituto, por um relatório feito profissional habilitado(a). A visita até o local era uma das etapas indispensáveis para o licenciamento ambiental, mas está suspensa devido a orientação de isolamento social.
Entenda o motivo de haver uma diferença de altitude entre as duas extremidades do Canal
Acompanhe o seguinte raciocínio lógico ?:
?? PREMISSA 1: O nível zero do oceano Pacífico está alguns centímetros acima do nível zero do oceano Atlântico. Essa afirmação é verdadeira ??.
?? PREMISSA 2: O Canal do Panamá foi construído para ligar esses dois oceanos. Isso também é verdadeiro ??.
?? CONCLUSÃO: Portanto, o sistema de eclusas do Canal do Panamá foi feito para balancear a diferença de níveis entre os oceanos Pacífico e Atlântico. O que você acha, verdadeiro ou falso? ?
Antes de dar a resposta, entenda melhor cada uma das duas premissas:
?? PREMISSA 1: A DIFERENÇA DE NÍVEL ENTRE OS OCEANOS. Quem olha para o mapa do planeta Terra, vê que a maior parte dele é coberto por água salgada ?. Há quem acredite que os níveis dessa enorme massa de água se mantêm constantes ao redor do globo devido aos conhecimentos que a ciência tem a respeito dos vasos comunicantes. Esse princípio físico explica que não importa o formato do recipiente que um líquido homogêneo esteja, o nível dos fluidos dentro dele permanecem constante.
Porém a imensidão azul que banha os continentes não é homogênea. A depender do local em que se está navegando a água será diferente e é, justamente, esse o motivo de existirem os oceanos. O Atlântico, por exemplo, é mais denso que o Pacífico. Temperatura, incidência solar, salinidade, movimento das marés, correntes marítimas, composição química da água são características que variam de um oceano para o outro.
Devido a essas diferenças, é preciso estar atento(a) quando o assunto é a altitude. Lembrando que a definição dela é: distância vertical de qualquer ponto no espaço até o nível do mar. Imagine que uma régua gigante é fixada na beira de uma praia do Brasil, o ponto zero estará no nível do oceano Atlântico. Depois, o mesmo experimento é feito na costa oeste dos Estados Unidos ou no litoral chileno, outra régua gigante é cravada na areia e seu ponto zero está no nível do oceano Pacífico. Se fosse possível aproximar as duas réguas, perceberíamos que a primeira estaria mais baixa que a segunda, mesmo ambas terem sido originadas nas altitudes médias dos respectivos oceanos.
Isso ocorre devido à diferença de densidade entre as águas dos dois oceanos. Como chove mais no Pacífico, porque as cadeias montanhosas da América do Norte e os Andes na América do Sul barram a passagem das nuvens, os sais presentes na água ficam mais dissolvidos, tornando-a mais leve. Tudo aquilo que é menos denso fica mais em cima.
?? PREMISSA 2: O CANAL DO PANAMÁ COMO ELO ENTRE OS DOIS OCEANOS. Criado para ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico com o objetivo de facilitar o comércio marítimo internacional, o canal teve sua construção iniciada pelos franceses em 1881. Atualmente conecta mais de 140 rotas marítimas e 1.700 portos em 160 países.
Os cerca de 80 km de extensão entre uma ponta e outra demora de 8 a 10 horas para ser percorrido. Antes dele existir, os navios viajavam até a extremidade sul do continente americano e o contornavam passando pelo Cabo de Horn, local em que as condições de navegação são bastante adversas.
? RESPOSTA:
Apesar de as duas premissas serem verdadeiras, a conclusão de que O SISTEMA DE ECLUSAS DO CANAL DO PANAMÁ FOI CRIADO PARA COMPENSAR O DESNÍVEL QUE EXISTE ENTRE O OCEANO PACÍFICO E O ATLÂNTICO É FALSA?
Basicamente o funcionamento do canal consiste em ir elevando os barcos até o Lago Gatún, criado artificialmente e situado a 26 metros de altura dos dois oceanos, para logo fazer as embarcações descenderem. Para vencer esse desnível, os navios precisam passar por três eclusas, equipamentos que funcionam como elevadores de água. “A razão, no entanto, de a obra ter sido feito assim, ao invés de um canal totalmente aberto, foi para simplificar a construção. Dessa forma foi reduzida consideravelmente a quantidade de terra a ser escavada”, explica o engenheiro agrônomo Flávio Burbulhan. De fato, um oceano está mais alto que o outro, mas o desnível é de 25 centímetros aproximadamente.
Rede Brasileira de Altimetria está espalhada por todo o território
Você reparou que existem monumentos de concreto e placas de bronze cravadas pelo solo da cidade? Em Guarapuava (PR), por exemplo, na entrada principal da Catedral ?, do lado direito de quem entra na igreja, e na praça em frente à UNICENTRO, no bairro Santa Cruz, estão dois destes marcos ?. Tecnicamente conhecidos como Referência de Nível (RRNN), eles fazem parte da Rede Brasileira de Altimetria.
Estima-se que existem 69.000 RRNN espalhadas por todo o território nacional. Ao longo das rodovias e ferrovias estão distantes a um intervalo de 3km ou 2km uma da outra. Enquanto nas cidades são encontradas em monumentos históricos, pilares, praças e igrejas matriz.
Cada RRNN nos permite saber a distância vertical daquele ponto até o nível do mar??. Desde 1958, esta medição tem como origem o Porto de Imbituba, localizado no litoral do estado de Santa Catarina. Ou seja, se uma régua gigante ? fosse usada para medir a altitude de qualquer ponto no território brasileiro, a ponta com o número zero sempre estaria colocada em Imbituba, mais precisamente, na Estação Maregráfica (local onde é estudado o movimento das marés naquele ponto da costa).
Ao se aproximar de uma RRNN é possível ler o nome dela. A da Catedral de Guarapuava chama-se “1740 B” e a da praça da UNICENTRO “1740 E”. Com esse dado em mãos, basta acessar, no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco de Dados Geodésicos (BDG) para descobrir que a altitude da RRNN 1740 B é de 1.104,2229m e a da RRNN 1740E é igual a 1.102,5916m.
O fato de as medidas apresentarem valores com quatro casas depois da vírgula explica porquê este nivelamento é definido como de alta precisão. A junção das informações de todas as RRNN permite criar um referencial altimétrico de abrangência nacional, que orienta os profissionais da área. Eles conseguem, assim, materializar todas as depressões e elevações do relevo brasileiro.
“Em um projeto de hidrelétricas ao longo de um mesmo rio, as informações altimétricas são muito importantes. Sem elas, corre-se o risco do lago de uma barragem afogar a casa de força rio acima”, exemplifica o engenheiro agrônomo Flávio Burbulhan sobre a importância da rede altimétrica brasileira para a Topografia.