|TOPOGRAFIA DESCOMPLICADA| Levantamento Planialtimétrico Cadastral

Elaboração de mapa viabiliza uso mais eficaz da área em questão

(Essa postagem faz parte da série explicativa “Topografia Descomplicada”, criada para explicar de um jeito fácil os serviços prestados por um(a) topógrafo(a)).

O Levantamento Planialtimétrico Cadastral representa no papel a mesma perspectiva que se tem ao sobrevoar uma área a centenas de metros de altitude. O resultado é um mapa (analógico ou digital) que com suas escalas e medidas permite identificar as partes planas, as ondulações do relevo e as feições que constituem a propriedade.

Ter esse levantamento auxilia os(as) profissionais que projetam edificações ????? a determinar o volume necessário de terraplenagem. Na construção de hidrelétricas, fornece a base para os cálculos de barragem e do circuito hidráulico. Além disso, viabiliza o levantamento e o planejamento de uso de uma área, obtendo assim uma ocupação mais eficiente do terreno.

Por exemplo, o levantamento planialtimetrico de um propriedade rural permite detectar as áreas planas, que são propícias para plantação?, e as partes declivosas, mais indicadas para reflorestamento. Em um lote urbano, o levantamento pode auxiliar um arquiteto a elaborar um projeto mais condizente com as condições do terreno: ao invés de tapar um buraco, pode aproveitá-lo para fazer uma garagem.

A imagem ilustra o Levantamento Planialtimétrico Cadastral que a Apoio Geomática fez para uma empresa de arquitetura. Com o mapa em mãos, o(a) arquiteto(a) consegue projetar um loteamento. As áreas mais declivosas poderão ser destinadas para reserva ambiental. O que está em verde é região de Mata Atlântica, que terá que ser preservada ?.

Representação de um Levantamento Planialtimétrico Cadastral feito pela Apoio Geomática para uma empresa de arquitetura. O mapa permite que o(a) arquiteto(a) projete o loteamento levando em consideração onde estão as curvas de nível, os banhados, a região de mata atlântica e muito mais.
Imagem: Talita Burbulhan

“Desse mapa pode-se gerar perfis longitudinais e/ou transversais do terreno, de posse do perfil pode-se projetar a rampa das ruas”, exemplifica Flávio Burbulhan, engenheiro agrônomo e responsável técnico da Apoio Geomática.

Triângulo 3, 4, 5: matemática aplicada na construção civil

A aplicação prática de um conhecimento desenvolvido por Pitágoras

Quem é do ramo da construção civil sabe que um gabarito bem feito é fundamental para o bom andamento da obra. É nessa etapa que os elementos estruturais do prédio ou da casa a ser construída são posicionados no lote.

Paredes tortas, localização errada de portas ou janelas, tamanhos incorretos de cômodos são alguns dos problemas que podem aparecer, caso o gabarito esteja desalinhado ?. Uma forma de evitar esses e outros prejuízos é com o levantamento topográfico.

Atualmente, profissionais da área utilizam a Estação Total para projetar alinhamentos perpendiculares e paralelos para a construção do gabarito. Porém, sem o uso de aparelhos eletrônicos, uma forma de verificar se a marcação está correta é utilizando um esquadro ?, com proporções 3, 4 e 5 entre seus lados.

Muito conhecido na geometria, o “triângulo 3, 4, 5”, foi estudado por Pitágoras, 500 anos antes do nascimento de Cristo. O que o filósofo grego constatou foi que toda vez que um triângulo tiver o maior dos lados com proporção 5 e os outros dois com proporções 3 e 4, o ângulo formado entre os lados menores será de 90°.

Sendo assim, se um esquadro com tais medidas se encaixa perfeitamente nos cantos do gabarito, significa que as paredes serão perpendiculares, garantindo uma angulação correta para a obra ?. É o que as pessoas da área chamam de “bater o esquadro”.

Na ausência de um serviço de topografia na obra, pode-se construir um esquadro para fazer a verificação do gabarito. ?Veja a seguir as instruções:

Imagem com instrução passo a passo de como construir um esquadro tendo apenas uma corda em mãos. O objetivo é mostrar uma aplicação prática do triângulo pitagórico na construção civil.
Imagem: Talita Burbulhan

Curiosidade matemática na solução de problemas topográficos

Como um conhecimento milenar pode ser usado na medição de lotes

Muitos terrenos urbanos são irregulares e escapam da fórmula de áreas retangulares para calcular seus tamanhos. Esse problema pode ser resolvido recorrendo-se aos ensinamentos do matemático Heron de Alexandria. Nascido no primeiro século da era cristã, ele é o responsável por elaborar um método que permite descobrir a área de um triângulo em função das medidas dos seus três lados.

Imagem da fórmula descoberta por Heron de Alexandria para calcular a área do triângulo em função da medida dos lados

Mas o que o cálculo da área de um triângulo tem a ver com o levantamento topográfico?

Uma das alternativas para solucionar o problema é dividir o polígono em vários triângulos justapostos e, com auxílio de uma trena, medir todos os lados ?. Com esses dados, aplica-se a fórmula de Heron para calcular a área de cada parte e por fim, soma-se as áreas de todos os triângulos para se obter o tamanho do terreno.

Aprenda na imagem a seguir como esse ensinamento milenar funciona na prática:

Ilustração com o passo a passo de como medir um lote irregular usando a fórmula de Heron. A imagem possui cinco quadriláteros, cada um com um instrução.
Imagem: Talita Burbulhan

Topografia contribui para que divisão patrimonial seja justa ?

Além da metragem da área é preciso levar em consideraçao o valor econômico dela


Em uma sucessão patrimonial a divisão em partes iguais de um lote ou de uma fazenda entre as(os) herdeiras(os) nem sempre será a mais justa?. Isso porque, apesar de as áreas terem o mesmo tamanho, o valor econômico de cada uma pode variar.

Para que ninguém saia prejudicada(o) é fundamental entender quanto vale cada parte da área a ser dividida. Nesse momento que a topografia entra em ação.

A(o) topógrafa(o), além do levantamento quantitativo, que calcula o tamanho do patrimônio, realiza o levantamento qualitativo que permite saber o valor econômico das partes que compõe esse patrimônio.

“Uma parcela maior com valor unitário menor se equipara a uma parcela menor com valor unitário maior”, explica o engenheiro agrônomo Flávio Augustus Burbulhan.

A imagem abaixo exemplifica essa situação. Na figura hipotética, a divisão proposta pela metade da área resultará um patrimônio de R$80.000,00 para uma das partes e R$120.000,00 para a outra; enquanto a divisão proposta de 70% para uma e 30% para a outra apresentaria um patrimônio igual entre ambas.

Ao fundo uma fotografia da zona rural. No primeiro plano dois retângulos ocupam a maior parte da imagem. Cada um deles exemplifica um tipo de divisão patrimonial para uma mesma fazenda. O objetivo é mostrar os benefícios de fazer um levantamento qualiquantitativo da área para que a divisão seja justa para todas as partes.
Imagem: Talita Burbulhan